DONA BARATINHA
Era uma vez, no tempo em que os bichos falavam, uma baratinha muito trabalhadeira. Ela gostava de manter sua casinha sempre limpa e em ordem, com os móveis bem espanados, as panelas brilhando e vasos de flores espalhados por todo canto.
Um dia, ela estava varrendo a casa, quando encontrou, atrás da porta, três moedas de ouro. Naquele tempo, as coisas eram baratas, e uma moedinha de ouro tinha um grande valor. Por isso, Dona Baratinha ficou feliz com seu achado e logo fez uma lista de tudo o que precisava comprar.
Mobiliou de novo a casa inteira, mandou fazer um enxoval muito bonito, comprou roupas e sapatos novos e ainda sobrou dinheiro. Quando já não sabia mais o que comprar, Dona Baratinha guardou o resto do dinheiro dentro de uma caixinha.
À tardezinha, vestiu as roupas mais bonitas, fez um belo penteado com um lindo laço de fita e, toda perfumada, foi para a janela esperar os pretendentes.
Ela cantava:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O primeiro a aparecer foi o cavalo, o animal mais elegante da cidade. Ao ver Dona Baratinha na janela, toda bonita e perfumada, o cavalo a cumprimentou com educação, e ela aproveitou para cantar:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
- Diga primeiro, cavalo, como é que você faz quando dorme?
O cavalo se preparou, estufou o peito e deu um relincho tão forte que Dona Baratinha, assustada, respondeu:
- Deus me livre de tal noivo, relinchando dessa maneira. Terei sustos o dia todo e medo a noite inteira!
Triste, de orelhas caídas, lá se foi o cavalo, afastando-se pela estrada.
Dali a pouco, Dona Baratinha viu aproximar-se, com passos lentos, um boi. Ela cantou sua música, o boi respondeu que aceitava se casar com ela. Então, ela lhe pediu que mostrasse como fazia à noite quando dormia. E o boi mostrou:
- Muuuuuu!
- Deus me livre de tal noivo! Que barulho assustador!
E lá se foi, desiludido, o pobre boi.
Depois do boi, apareceu o cachorro. Dona Baratinha gostou bastante do novo candidato: era valente, esperto, alegre, mas ela não deixou de lhe fazer a mesma pergunta. Quando o cachorro soltou seu forte latido, Dona Baratinha quase morreu de susto e disse:
- Não, não e não! Desse jeito não conseguirei dormir.
- Que belo gato! – disse ela – E cantou para ele: “Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?”
E o gato disse:
- Que maravilha de senhora, claro que aceito.
- Diga primeiro, gato, como é que você faz à noite ao dormir?
O gato soltou um miado tão fino que Dona Baratinha até tremeu de susto.
- Deus me livre de tal noivo, miando dessa maneira!
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
O rato, ouvindo, respondeu rapidamente:
- Oh! Linda, maravilhosa e perfumada senhora, claro que aceito.
Então, ela lhe pediu que mostrasse como era o barulho que ele fazia à noite.
O rato fez para a futura noiva ouvir o seu “Qui... qui... qui...” suave.
Dona Baratinha apreciou a voz do rato e foram, então, combinar a data do casamento.
Providenciaram tudo – convites, enfeites, trajes – e marcaram o casamento para dali a dois dias.
Dona Baratinha e Dom Ratão contaram com a ajuda de vários parentes e amigos. A bicharada recebeu o seguinte convite:
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